BIOGRAFIA

DJALMA CORREA – Caçula de uma família tradicionalmente musical, seu avô tocava numa  orquestra de câmara, seu pai era flautista e suas irmãs tornaram-se pianistas. Aos 12 anos, mudou-se para Belo Horizonte e começou a estudar música de maneira mais sistemática.

Aprendeu bateria com músicos profissionais, que lhe ensinavam as batidas tradicionais.

Formou-se em eletrônica. Participou de diversos grupos musicais na capital mineira. Um dia, uma de suas irmãs, que morava em Salvador, enviou-lhe um programa de um curso de férias sobre música eletrônica, o que o fez mudar-se para a capital baiana. No Seminário de Música de Salvador, estudou composição e percussão.

​Depois de estudar alguns meses no Seminário, começou a tocar na Orquestra Sinfônica, o que o obrigou a escolher um instrumento suplementar: o contrabaixo. Obteve do diretor do Seminário uma sala no porão do edifício e lá instalou sua oficina.

 Em 1964, participou no Teatro Vila Velha, em Salvador, do espetáculo “Nós por exemplo”, do qual tomaram parte Gilberto Gil, Caetano Veloso, Maria Bethânia, Gal Costa, Tom Zé, Perna, entre outros, e que se tornaria o início do movimento que mais tarde ficaria conhecido como “Tropicalismo”. Nessa época, definiu-se pela percussão, optando por trabalhar ritmos e instrumentos tipicamente brasileiros. Começou a acrescentar novidades à bateria, que iam desde tambores até um penico. Na Bahia, foi o primeiro a usar tímpano na bateria. No show “Nós por exemplo”, apresentou a composição “Bossa 2.000 d. c.”, baseada na experiência adquirida com música eletrônica para bateria. 

Posteriormente, fez trilhas sonoras de filmes e musicou peças de teatro, além de fazer músicas com fins terapêuticos. Em 1970, criou o grupo Baiafro, de início integrado por ele e mais dois percussionistas. Trabalhando com música afro-brasileira, o grupo cresceu e chegou a ter 21 integrantes, contando inclusive com bailarinos. 

Em 1972, com o Grupo Baiafro, participou do LP “Salomão – The New Dave Pike Set & Grupo Baiafro in Bahia”. 

Teve participação, também, nos shows do grupo The Dave Pike Set, de The Mild Maniac Orquestra e do guitarrista alemão Volker Kriegel. 

Em 1975, tomou parte do disco “Ogum/Xangô”, de Jorge Ben e Gilberto Gil. Ainda nesse ano, participou dos discos “Jóia” e “Qualquer coisa”, de Caetano Veloso. 

Em 1976, resolveu abandonar o grupo Baiafro e transferir-se para o Rio de Janeiro. No mesmo ano, participou com Gilberto Gil, Gal Costa, Caetano Veloso e Maria Bethânia, do espetáculo “Doces Bárbaros”. Ainda em 1976, viajou com Maria Bethânia para Roma, onde participou de show de reabertura do Teatro Sistina. 

Em 1977, viajou para a Nigéria em companhia de Gilberto Gil, com quem participou do Festival de Arte e Cultura Negra. No mesmo ano, tomou parte da gravação do LP “Refavela”, de Gil, com quem se apresentou em shows como percussionista. Também em 1977, editou pela Phonogram o LP “Candomblé”, no qual registrou diversos cantos de música ritual do Grupo Ketu, com destaque para a percussão. 

Em 1978, participou com Gilberto Gil do Festival de Jazz de Montreux, na Suíça, posteriormente editado em disco. Participou, ainda, ao lado do tecladista Patrick Moraz, músico com o qual gravou dois discos, do I Festival Internacional de Jazz de São Paulo. 

Em 1980, lançou o LP “Djalma Correa”, todo de percussão, gravado pela Philips, na série Música Popular Brasileira Contemporânea. 

Em 1987, lançou, com Paulo Moura, Zezé Mota e Jorge Degas, o LP “Quarteto Negro”. 

Em 2002, dedicou-se, em parceria com o Goethe Institut, ao desenvolvimento do projeto “The German All Stars Old Friend”, festival de jazz que reúne músicos alemães aos de outros países.

Em 2013 recebeu o título de “Cidadão Honorário de Belo Horizonte”.

Em 2017 o LP “Candomblé” (1977), completou 40 anos de lançamento, e na ocasião uma comemoração foi realizada no Parque da Ruínas (Rio de Janeiro) com apresentação musical no formato de aula-show e oficinas de percussão de ritmos africanos. Participaram do evento os músicos Rodrigo Maré e Thomas Harres, sob o acompanhamento do próprio Djalma.

Em 2019 seu acervo musical inspirou o projeto “Acervo Djalma Corrêa: Música e Cultura Afro-Brasileira” contemplado no edital Itaú Rumos. A idéia foi iniciativa do Núcleo Brasileiro de Percussão, que idealizou a disponibilidade de parte desse acervo para consulta em um site. No site foram incluídos registros de imagens de sua trajetória, sons de grupos de capoeira, ritmos como maculelê, afoxé, samba de roda, congo, cacumbi, termos de reis, bumba meu boi, terreiros de candomblé e xangô, além de registros de outros grupos e encontros culturais de diferentes estados brasileiros, como Bahia, Sergipe, Alagoas e Pernambuco. Ainda no mesmo ano de 2019, anunciou para a imprensa que teria o registro da gravação do 1º show de Gal, Gil, Caetano e Bethânia juntos, e que futuramente faria um documentário a partir deste material.

Fonte: https://dicionariompb.com.br/artista/djalma-correa/